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LGBTQI+ O QUE?

Ouvimos falar muito no nosso cotidiano da sigla LGBT, mas nem todos sabem de toda sua extensão e do seu significado. Por trás da sigla existe uma história de muita luta por direitos e de uma necessidade de aceitação e reconhecimento.

por Anna Carla Di Nápoli


Bandeiras do movimento hasteadas em passeata novaiorquina.

Em 1960, a não-heterossexualidade ainda era marginalizada, não existindo qualquer vocabulário para definir os que não se encaixavam no padrão normativo de relacionamento. A expressão terceiro gênero era muito utilizada pelos estadunidenses, mas nunca foi muito aceita pela comunidade. Assim surgiram os termos homossexual e posteriormente o substantivo gay.

Entretanto, não eram só os gays que sofriam com a descriminação, as lésbicas, os bissexuais e os transgêneros também eram alvo de comentários maldosos e preconceitos. Dessa forma, todos se juntaram e montaram a bandeira LGBT que, embora represente grupos distintos de pessoas, abrange pessoas que lutam pelas mesmas causas, como a inclusão e o fim do preconceito.

Com o passar dos anos, a bandeira LGBT começou a ganhar mais letras. Foram adicionadas variantes que visam incluir aqueles que não se encaixam em qualquer das sexualidades representadas na primeira "edição" da bandeira. Assim, a versão atual é longa, mas tenta incluir toda a minoria sexual de uma forma em que todos se sintam representados. LGBTQIAP+, essa é a sigla atual.

Mas o que significa cada letra? Várias delas podem significar mais de uma coisa e o + presente no final é colocado para que os que ainda não estejam representados sintam-se parte do movimento.

Vamos começar pelos mais conhecidos. O L representa as lésbicas - mulheres que gostam de mulheres. O G, os gays - homens que sentem atração por homens. O B, os bissexuais - pessoas que se atraem pelos dois sexos. O T retrata os transgêneros, transsexuais e travestis - em suma, pessoas que se identificam com um gênero diferente daquele registrado no nascimento.

Depois disso, começam as atualizações. O Q pode significar queer - veja a reportagem sobre queers aqui no site -, ou questionando - letra que simboliza aqueles que ainda não sabem onde se encaixam na bandeira. O I é para as pessoas intersexo - aquelas que não se encaixam no sistema binário de gêneros, feminino e masculino. O A simboliza as pessoas assexuais - que nunca, ou raramente, sentem atração sexual-, ou arromânticas - aquelas pessoas que nunca, ou raramente, se apaixonam.

Dentro desse espectro do A também se encaixam as orientações como os quiossexuais - pessoas que não veem sentido na atração sexual-, assim como os akoirromântiques - indivíduos que não conseguem seguir apaixonados por uma pessoa a partir do momento que ela retribui o sentimento -, e os grayssexuais - pessoas que raramente sentem atração sexual. Os agêneros também são representados por essa letra, expressando os que não possuem gênero.

Antes, existia a letra S na bandeira, representando os simpatizantes, mas agora esses são mais um dos incluídos na letra A. Assim, os que apoiam e ajudam na luta LGBTQIAP+ são agora chamados de allies (aliados em inglês).

Pessoas pan, representadas pela letra P, sentem atração pelas qualidades de alguém, independente do gênero. Já as pessoas poli (polissexuais e poliromânticas) são aquelas que sentem atração por muitos gêneros.

O + está ali para abranger as diversas sexualidades que não são citadas na sigla. Pessoas não-cis que não se consideram trans - pessoas cis são aquelas cujo gênero é o mesmo que o designado no nascimento-, pessoas cetero - pessoas não-binárias que sentem atração somente por pessoas não-binárias-, os omni - aqueles que se atraem por pessoas de todos os gêneros, eles se assemelham muito aos pan, mas não querem se associar à identidade que diz “atração independentemente do gênero”.

Enfim, não seria prático incluir todas as orientações na sigla. Assim, o + está lá para que todos se sintam representados.

Entretanto, existem ainda mais variações na sigla da bandeira - PITOM, SAGA e Q(U)ILTBAG-, mas essas, em sua maioria, acabam excluindo algumas das sexualidades existentes. Portanto, a mais conhecida e utilizada continua sendo a LGBTQI+.

Explicado um pouco do grande alcance da sigla, é importante falarmos de sua luta e de suas principais pautas.

No discurso de igualdade e de respeito, a comunidade LGBTQI+ luta com unhas e dentes para garantir direitos básicos, que podem facilmente se encaixar nos direitos humanos.

O fim da criminalização da homossexualidade, pasmem, é um dos tópicos abordados pela comunidade ao redor do mundo. São mais de 73 países espalhados pelo globo que encaram o homossexual como um criminoso, sendo que 13, como o Irã e o Sudão, preveem pena de morte aos “transgressores”.

A aplicação efetiva do estado laico também é uma das grandes lutas dos simpatizantes e participantes da bandeira, uma vez que os ideias homofóbicos de algumas religiões, quando presentes nas bancadas políticas, acabam afetando os direitos dos que não se encaixam na heterossexualidade. Podemos citar como exemplos de condutas religiosas contra os LGBTQI+ o plebiscito na Romênia e a sugestão da “cura gay” no Brasil.

Entretanto, uma das lutas mais difíceis e significativas da comunidade LGBTQ+ é interna. “Algo que precisa acabar agora é o próprio preconceito dentro da comunidade - por incrível que pareça isso acontece muito-, é necessário acabar com isso de dentro pra fora.”, afirma Gabriel Souza, jovem bi, estudante de jornalismo na UFU. “ Têm os gays que não gostam dos afeminados - a famosa bixa pão com ovo- julgam e descriminam essas pessoas, sendo que o princípio de todo o movimento é a liberdade. Totalmente hipócrita”.

“É a constante batalha entre a aceitação de ser você mesmo e o constante medo de pessoas te matarem por quem você é.”, esse é o sentimento constante de Vítor Álvares, jovem gay de 19 anos, em relação a sua sexualidade.

"O medo constante é a realidade dos participantes da bandeira e grande parte disso se deve à uma ignorância por parte da sociedade e um pré conceito que os leva a nem mesmo se interessarem a nos entender e saber quem somos” diz uma estudante de medicina lésbica de 19 anos. “Dessa forma, devido a essa sociedade heteronormativa, tenho vergonha de 'sair do armário’, tendo que esconder quem sou por onde vou”, explica a jovem sobre a decisão de não ser identificada.

Entretanto, o desembargador Carlos Henrique Perpétuo Braga, que se declara hétero, defende que "Embora sejam tímidos os avanços eles acontecem a olhos vistos. O importante é manter a bandeira sempre hasteada, porque o Brasil jamais será Brasil se não for plural".

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