Por Gabriela de Carvalho
Ao todo, 26 filmes que acolhem as temáticas LGBTQI+ foram escolhidos para a 6ª edição do Recifest. O festival ocorrerá nos dias 20 a 30 de novembro de 2018, nas cidades de Recife e de Nazaré da Mata, a 65km da capital, ambas em Pernambuco, estado localizado na região Nordeste que, até 2017, era o que mais cometia crimes homotransfóbicos do país.
O Recifest, Festival de Cinema de Diversidade Sexual e de Gênero, é um festival de cinema de Recife que busca ampliar o espaço e pensar a filmografia produzida por pessoas LGBTQI+ e com temáticas que abordam gêneros e sexualidade. Podem participar da competição apenas os filmes que possuem formato de curta-metragem lançados a partir de janeiro de 2016, com duração máxima de 20 minutos, mas não há limite geográfico, uma vez que podem ser de todo o Brasil. Além disso, os filmes exibidos nas edições anteriores não podem participar.
Com focos como desnaturalizar o olhar e alterar o imaginário da presença LGBTQI+ no cinema, o festival acontece na região brasileira cujos crimes homotransfóbicos atingem cerca de 2,58 mortes a cada um milhão de habitantes, segundo pesquisas do Grupo Gay da Bahia (GGB), que coleta estatísticas sobre assassinatos de homossexuais e transgêneros no país há 38 anos.
Todavia, de acordo com a Professora Doutora em Sociologia e integrante do corpo docente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Rafaela Cyrino, essas relações sociais acontecem como um campo político, no qual de um lado há o movimento por direitos e visibilidade da comunidade LGBTQI+ em um confronto com as forças de resistência, ou seja, a relutância daqueles que tentam preservar os modos tradicionais dessas relações. Desse modo, a medida que a luta em prol dos grupos minoritários vai se colocando, os movimentos de resistência também o vão.
Com a luta promovida pela comunidade LGBTQI+ são notórias suas diversas vitórias, isto é, o progresso para esse movimento, como os direitos e as liberdades conquistados. Tem-se, assim, a redução da discriminação com seus membros. Este também é um fato comprovado pelas pesquisas, uma vez que, no ano de 2013, segundo dados do GGB, o Pernambuco foi considerado o 6º pior estado para um LGBTQI+ viver, devido às 3,69 mortes de um membro dessa comunidade por milhão de habitantes. Logo, entre as vitórias conquistadas nas lutas protagonizadas por membros desse movimento, como a existência e permanência do Recifest, tem-se também a queda do número de mortes por crimes homotransfóbicos no estado.
Festivais de cinema com a mesma temática acontecem em vários lugares do país, entre eles o Festival Mix Brasil, que se tornou o maior evento cultural dirigido ao público LGBTQI+ da América Latina, que acontece em São Paulo (SP) nos dias 19 e 21 de novembro. Há também o Rio Festival de Gênero & Sexualidade no Cinema, que já realizou a edição deste ano entre 5 e 18 de junho, no Rio de Janeiro (RJ).
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